Lábios Divididos

Na fria manhã da cidade surge um coração de metal
O sol nasce, mas sem você no meu espaço...
Foste embora... Não sei se voltarás...

Continuas dentro de mim, apesar de sentir-me sozinho;
Vives entre os meus pensamentos
Apesar do infinito vácuo que surge entre nós...

Pensarás em mim ou esconder-se-á de nós?
Não há como descobrir... O melhor é, ao menos, sentir...
Voltarás um dia ou fará da distância uma constante?
Não há como saber... O melhor é lutar contra o esquecer...

Somente sei que estou fechado no meu altar
E a cada lembrança tua ele fica mais particular;
Não mais há o teu ser para acariciar
Apenas tua penumbra acompanhada de um pesado lacrimejar...

Então aperta forte o coração
O verso já é mais melancolia do que canção...

E seguirei dividido
Com o sentimento oprimido
Com o desejo suprimido
Como um doente a procura do ideal comprimido...

Assim, só ficarei em paz ao te ver retornar

Porque todas as minhas idéias se afunilam ao te olhar;
Então te imploro que findes essa solidão que há em mim
Pois viver a vida sem você é tristeza sem fim...

Então vem! Vamos acabar com essa cruel solidão
Deixemos que dite as regras somente o coração
Porque sem você perco todos os sentidos
E os nossos lábios não merecem viver divididos...